
O processo de desenvolvimento das doenças, conhecido como fisiopatologia, é sem dúvida, fascinante.
Mas além da complexidade biológica das doenças, existem certas dinâmicas no contexto do adoecimento que fogem às regras fisiológicas.
Por isso, com o passar dos anos, muitos profissionais de saúde passaram a ampliar suas teorias de causa e efeito físicos, para então compreenderem porque algumas pessoas adoecem mais e outras menos, mesmo quando em condições semelhantes.
Doenças psicossomáticas
De maneira bastante superficial e apenas com finalidade didática, doenças psicossomáticas são aquelas em que um problema emocional causou um problema físico.
Existem diversos estudos sobre este assunto. Alguns sugerem que quando não conseguimos expressar satisfatoriamente nossas vivências emocionais é gerada uma tensão crônica no corpo em órgãos específicos.
Persistindo esta tensão, a função do órgão é comprometida e posteriormente, uma alteração orgânica se instala gerando um processo de doença como consequência.
Toda doença é também psicossomática
O ponto de vista médico mais atual tem introduzido uma perspectiva menos fragmentada no processo de adoecimento, considerando a causa multifatorial onde, para o surgimento de doenças, sempre haverá a combinação de:
- fatores ambientais (alimentação, sono, uso de drogas)
- fatores genéticos (predisposição celular hereditária)
- fatores psicológicos (forma de lidar com os problemas, traumas, personalidade)
Este novo entendimento justifica o fato de algumas pessoas terem a mesma predisposição genética, o mesmo estilo de vida e algumas desenvolverem doenças e outras não.
Assim, todas as doenças são também psicossomáticas, ou seja, possuem uma variável psicológica em sua origem.
Doenças e autoconhecimento
Considerando que as doenças falam muito sobre nossas emoções não expressas, podemos utilizá-las como ferramenta de autoconhecimento.
Doenças não surgem da noite para o dia. Portanto, é interessante observar os sinais que o corpo demonstra e procurar associá-los ao que sentimos emocionalmente.
Além disso, embora sejam perguntas difíceis de responder, vale a pena nos perguntarmos:
“o que eu ganho tendo esta doença?”;
“o que eu não preciso mais fazer por ter esta doença?”;
“o que eu posso fazer porque tenho esta doença?”
Com sinceridade, talvez possamos descobrir mensagens interessantes sobre nós mesmos.
Outra forma de utilizarmos o momento da doença para identificar qual mensagem nossa mente está tentando transmitir, é nos perguntando o que o local da doença significa para nós.
Por exemplo, se tenho um problema uterino, o que o útero significa para mim? Existem livros que correlacionam os órgãos afetados pelas doenças com os problemas emocionais. Mas uma forma interessante também é nos perguntarmos o que aquele órgão afetado simboliza para nós, individualmente.
Expressando emoções
Expressar as emoções é a maneira de comunicar externamente aquilo que carregamos dentro de nós. Isto é saudável e evita que o corpo fale por nós através de doenças e desconfortos físicos.
Aprendemos a expressar alegrias e felicidade mas provavelmente não nos ensinaram a expressar emoções consideradas negativas, como raiva, inveja, ódio, vergonha, rancor, etc.
Algumas formas de expressar emoções e contribuir para que elas não se expressem pelas doenças são:
- Escrita terapêutica: é uma ferramenta valiosa onde colocamos no papel nossos pensamentos e emoções. Em que contexto elas aconteceram, quais pensamentos passaram pela nossa cabeça naquele momento e inclusive podemos analisar se estes pensamentos foram reais ou mera ilusão condicionada com o tempo como verdades.
- Movimentos corporais específicos: a dança, especialmente aquelas em que dão liberdade de movimentos, pode ser uma ferramenta eficaz para expressarmos as nossas emoções. Além disso, há técnicas de expressão por movimentos além da dança, resultado de estudos do psicólogo Wilhelm Reich.
- Terapia com um psicólogo, um psicanalista : o terapeuta nos conduz no processo de nos ouvirmos. Um bom caminho para descobrir formas de expressar e compreender nossas emoções ao invés de apenas controlá-las ou ignorá-las.
- Artes plásticas/trabalhos manuais: como pintura, modelagem, costura, são campos onde podemos nos beneficiar expressando emoções e deixando fluir nossa criatividade.
Expressar o que somos e o que sentimos é uma maneira de seguir a vida mais leve, com mais saúde mental e física, afinal corpo e mente formam são um só.




